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Dia do Estudante e do Advogado

        

   * Alexandre Cézar de Oliveira Melo

No Brasil, o dia 11 de agosto é o Dia do Estudante. A data é comemorada desde 1927, mas o fato que deu origem a comemoração aconteceu um século antes. Em 1827, na época do recém-instituído Império Brasileiro.

Em 11 de agosto de 1827, foram criadas por autorização do então imperador, Dom Pedro I, as duas primeiras faculdades brasileiras, uma em Pernambuco que é a Faculdade de Direito de Olinda, a outra em São Paulo que é a Faculdade de Direito do Largo do São Francisco. Por esse motivo, nesta mesma data também se comemora o Dia do Advogado no Brasil.

Vale ressaltar que as faculdades de Direito tiveram significativa importância tanto na consolidação da Educação Superior quanto no exercício da atividade intelectual do nosso país. Muitos bacharéis em Direito estiveram envolvidos na construção da base intelectual, histórica e educacional, bem como na interpretação e compreensão da realidade brasileira para a formação de suas leis.

As datas são comemorativas, mas também servem como momentos para reflexão sobre a realidade da Educação no Brasil e dados recentes apontam para grandes desafios.

O Brasil possui atualmente apenas 4,1 milhões de jovens com acesso ao curso superior. São menos de 20% dos brasileiros, na faixa etária entre os 18 e os 24 de idade, fazendo uma faculdade. O quadro é preocupante, já que o governo federal tem como meta, no Plano Nacional de Educação, promover a inserção de pelo menos 7 milhões estudantes nas universidades até o próximo ano. Mas existem muitos entraves para que este objetivo seja atingido.

Outro dado do Ministério da Educação e Cultura (MEC) é bastante preocupante, pois apresenta uma grande queda no número de participantes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) entre 2016 a 2021, que despencou em 61%, passando de 5,854 milhões para 2,269 milhões. No ano passado, houve um pequeno aumento com 2,351 milhões.

A preocupação é legítima, pois são milhões de jovens sem perspectiva de acesso ao ensino superior e que, consequentemente, estão sendo privados da busca por uma profissão que lhes proporcionem um futuro melhor. Segundo especialistas, tal cenário representa um retrocesso tanto para a educação brasileira quanto para o desenvolvimento econômico e social da nossa nação. Situação trágica para um país que almeja crescimento e desenvolvimento, mas que enfrenta a escassez de mão de obra qualificada em diversos segmentos estratégicos, como por exemplo aqueles relacionados à pesquisa, inovação e tecnologia.

O cenário se agrava se levarmos em conta que as universidades públicas não conseguem absorver toda a demanda de estudantes e jovens em condição de vulnerabilidade financeira, mas capazes de ingressar no ensino superior. Já as instituições particulares, ofertantes de 80% das vagas no ensino superior, lidam com a crise financeira e a inadimplência, devido à baixa renda dos jovens brasileiros.

Acredito que o ensino a distância seja uma alternativa mais acessível e que possui uma função inclusiva importante, pois muitos são os jovens que enfrentam dificuldades logísticas além das financeiras para o ingresso no ensino presencial. Em ambos os casos, urge a necessidade de ofertar Educação de qualidade para todos. Uma ajuda significativa para os estudantes também seria a criação, seja por parte do governo ou em parceria com a iniciativa privada, de um fundo por meio do qual pudessem ser custeadas as despesas daqueles que precisam de apoio para aquisição de material didático, alimentação e transporte.

Ainda são muitos os desafios para o ingresso do jovem carente ao ensino superior e para que seu talento seja reconhecido. Muitos são os que desistem ou que decidem postergar seus sonhos por falta de condições financeiras. Reverter essa situação é uma responsabilidade de toda a sociedade para que o Brasil consiga aproveitar melhor e reter em nosso solo todo o potencial dos talentos humanos que possuímos. Que possamos melhorar cada vez mais na formação e na capacitação de pessoas com foco no crescimento, no desenvolvimento e na inovação.

* Administrador e Mestre em Educação Tecnológica. Supervisor de comunicação e marketing do CIEE/MG

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